segunda-feira, 7 de junho de 2010

Olhos de mel


Olhei de soslaio, era ele quem estava a abrir a porta. Foi entrando de rompante [cumprimentei-o] e com a mesma rapidez tentei fugir daquele espaço. Mas o seu olhar perseguiu-me e deixamos escapar breves falas embaraçadas pelo momento. Arranjei forma de escapar, mas desta vez com algum sucesso pois sentámo-nos num local onde o silêncio era a mais profunda e doce obrigação do dia.

Horas se passaram enquanto, entre falas mudas, sentados, sentia a sua respiração grave que, com breves milésimos de segundo atrasados, alcançavam os meus ouvidos e faziam tremer o meu juízo. Bem… não sei se é o caso tratar-se de um sentimento carnal, mas a ideia de ter alguém interessado em mim, com uma década [e picos] a mais do que eu, obriga a um sorriso na minha cara, e deixa a vontade de [mesmo não me atraindo física ou psicologicamente] o voltar a ver.

Enquanto estava sentada sentia-me segura. Não era ‘forçada’ a desenvolver frases feitas para cortar o constrangimento. Porém, enquanto me orgulhava desta situação, senti-o tocar no meu ombro e perguntar se podia conversar comigo num lugar mais calmo. Levantei-me e segui-o.

Olhou nos meus olhos e confessou que desde a primeira vez que me tinha visto, não conseguia esquecer os meus olhos [olhos de mel, como um dia referiu]. Deu-me um beijo na cara e eu, sem saber o que dizer ou fazer, limitei-me a ficar apática. Ele, notando o meu constrangimento, deu-me outro [ainda mais intenso] e voltamos para o local onde estávamos anteriormente sentados.

Assim, lá estava eu… naquele espaço enfeitiçado pelas mais belas sensações que me traziam à alma o cheiro do bem e o calor da serenidade… mas espero que tenha sido apenas um momento único, um momento que seja levado pela brisa quente do verão e aí permaneça, sobrevoando o oceano e as ondas do mar...

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