segunda-feira, 26 de abril de 2010

Tardes soltas


Hoje começámos a organizar os mil e um trabalhos de grupo a realizar nas próximas três semanas. Decidimos, por isso, instalarmo-nos numa das salas de aula vazias, ligar os quatro computadores e começar a trabalhar. Mas como bons modelos femininos que somos acabámos por largar os papéis e divagar sobre os mais diversos assuntos. Bem, na realidade, os assuntos só variaram entre dois pólos: sexo e corpo feminino. Partilhámos histórias de vida, vontades e desejos que só revelamos em círculo de amigas. Todas nós tínhamos algo para partilhar; experiências ou motivos que nos aquecem a alma. Uma, sem namorado à três anos, mas com sonhos profundos de se voltar a juntar a alguém. Outra, com saudades dos tempos em que a rebeldia a levava a dias loucos e que acabaram por desaparecer com a segurança que sente com o actual namorado. A terceira, que depois de algumas desilusões amorosas, sem namorado, fala do que é ter amigos coloridos que a conquistam; mas que, receando, sonha, também ela, com um amor arrebatador que virá montado num cavalo branco (ou castanho, ou preto, desde que valha a pena); e a última, mas nem por isso a menos interessante, a virgem; anseia por qualquer explicação que, enquanto amigas, lhe possamos dar e que, com toda a sabedoria, bebe das nossas mentes.

Enfim, quatro miúdas a conversar abertamente, olhos nos olhos, sem qualquer pudor ou inibidade. Podemos ter idades, alturas ou pesos diferentes, mas algo forte nos liga: a amizade e a certeza de que, unidas, aprenderemos sempre algo!


A Viagem

Estou de regresso a Lisboa. Olho para o exterior, por detrás do vidro espesso do autocarro; percorro com rápidos movimentos oculares as árvores e os candeeiros de luz pública que surgem do nada, parecendo mover-se à velocidade da luz. Lá fora está escuro. Contrariando essa perspectiva, cá dentro, as luzes acesas pelos leitores que não cedem ao sono, encandeiam como faíscas.

Ao meu lado, do outro lado do corredor, vai um rapaz, provavelmente da minha idade. Não sei o quê nem porquê, mas algo nele me atrai. Vai a dormir, o que me permite observá-lo com maior cuidado. Parece um caracol, todo dobrado; tem o telemóvel nas mãos e a cabeça caída sobre o braço da cadeira. Os pés, esses, pendem sobre o chão. (Faz-me esboçar um sorriso).

Tentada pelas memórias, regresso ao mundo exterior. Recebi, no início da viagem, uma mensagem tua. De imediato abriu-se-me um sorriso no canto da boca: “eu sabia que acabarias por ceder!”. Mas as luzes que persistem em atingir-me, fazem-me retornar ao mundo real. A verdade é que não gosto de ti. Mas então porque raio mexes tu assim comigo?! Pelo menos já aprendi a enganar os sentidos do coração e a meter a parte racional a funcionar. Com pouco esforço, desvio o pensamento que me traz a tua memória à cabeça; imagens que vão ficando cada vez menos nítidas, passando lentamente por entre os meus neurónios.

Já não interessa. O que vier, virá e será recebido a bem. Mas não, agora não interessa. Sinto-me confortável e em paz comigo mesma.

Volto, então, a olhar para o lado. O rapaz mudou de posição. Está, agora, esticadinho, sereno. O seu espírito acalma-me...

Neste momento, penso como é impressionante o cérebro humano, que abarca tantos pensamentos num só período de tempo, recuperando e atirando para o lado imagens sem fim, como se de rascunhos imensos se tratasse.

Bem, estou quase a chegar ao meu local de destino. Deixo, assim, a pena e a tinta de lado. A vocês, desejo uma boa viagem. Que se permitam levar pelo maravilhoso mundo do desconhecido, nessa viagem que é tudo aquilo que quiserem e desejarem.


quinta-feira, 22 de abril de 2010

Le souhaite

Estava à tempos, depois de escrever o último (e primeiro) post, a pensar acerca do que iria escrever. Só me ocorria o tema abordado por todo e qualquer autor, actor, realizador, cantor, etc., ou seja, o amor...! Mas não quero que este seja um diário desenhado por frustrações e desejos de paixão. Para além do mais, não sinto qualquer pontada de amor por algum ser humano existente, pelo menos, no meu diâmetro de vivência (o que, não minto, me satisfaz).
Acabei de ver o filme “Fame”. Okay, aposto que estão a pensar que só escrevo depois de ver filmes. É capaz de ser verdade. Mas não é prepositado. Faz-me sentir bem. Para além disso, eleva-me o espírito e a mente poder escrever acerca do que, incoscientemente, me vai surgindo nesta massa encefálica cinzenta a quedão o nome de cérebro.
(Continuando) Deu-me, então, a vontade repentina de escrever. Bem... acho que estou a conversar comigo própria, e se alguém aparecer para ler o que estou a escrever então que entre calmamente para que eu desabafe tudo sem o medo de ser observada. O ‘Fame’ fez desabrochar em mim talvez o meu mais oprimido desejo interior e que só neste momento consigo partilhar comigo própria. É ele a “dança-cantada”. Não é uma, nem a outra, é a união da dança e do canto que me brilham no olhar. A dança tão bela e livre como uma águia sobrevoando um céu limpo de primavera em tons de azul. E a voz tão serena e poderosa, capaz de adoçar até o mais destemível coração de um guerreiro. Mas os sonhos tratam-se disso mesmo... Sonhos! Não vou dizer que não segui o meu por impossibilidade. Tive a minha oportunidade: frequentei aulas deo Ballet e de danças rítmicas durante um período de sete anos mas, por alguma razão, desisti. A minha mãe, vendo que eu não tinha coragem de estar no palco e de olhar para a câmara, concordou com a minha opção. Mas este sentimento, desejo fugaz e inconstante que surge no meu corpo, vezes sem conta, atormenta-me o espírito, ao mesmo tempo que me eleva, fazendo-me rodopiar no ar em frente à televisão ou em volta dos meus fiéis assistentes, em casa. O que me faz acreditar que “Impossible is Nothing”... Não desisti de ser feliz. Nem pensar! Fui alimentando a minha alma com os estudos até que encontrei um mundo que me irá permitir ajudar aqueles que mais amo na vida, a minha família; é esse o mundo dos números e do ser humano. Ao estudar Gestão de Recursos Humanos numa faculdade excelente e conceituada de Gestão, voltei a concentrar-me nos meus objectivos, alimentando de novo a minha vontade de alcançar sempre mais, aliando a matemática ao contacto inter-pessoal. Agora sei qual é o meu caminho, acabar o curso com boas notas, fazer um estágio, quem sabe em Paris, Suíça ou, até, porque não, viajar até aos Estados Unidos. Depois desse trajecto, será o tempo de decidir em que área fazer o mestrado e, aí, começar a trabalhar e ganhar experiência para um dia ter o meu próprio negócio. Só Deus sabe o quanto agradeço pelas oportunidades, fortuna e boa educação que me deram. Mas se eu pudesse só por um segundo voltar a fechar os olhos. Espera. Fechei-os! Libertei a mente das obrigações e receios... estou a voar, estou a voar tão alto. O chão que piso é oxigénio que me acaricia desde a ponta dos pés até ao fio mais esvoaçante que ondula sobre a minha cara. Inspiro e deixo entrar em mim todo o soro da vida que me percorre, enchendo-me a alma.
Suspiro!
Que bom, voltei a sonhar (a minha alma sorri).

sábado, 3 de abril de 2010

Juntos ao Luar

Ontem fui ao cinema ver o filme “Juntos ao Luar”. Mais um filme romântico e melodramático, pensei para mim. Sentei-me confortável numa daquelas cadeiras fofas que não me deixam tocar com os pés no chão. Corria uma sucessão de imagens quentes, quando dei por mim a entrar num mundo tão denso e subjectivo que quando me apercebi tinha já tinha perdido todo o sentido da verdade e do senso comum. Senti todo o meu corpo a elevar-se ao nível do horizonte longínquo do subconsciente. Vi-me subitamente livre de qualquer impossibilidade de amar. Vi-te mais uma vez a surgir no meu pensamento em câmara lenta, no entanto, por força do universo, não te consegui prender com os meus braços. Foges mas não te escondes. Tento compreender o porquê. A tua presença não me é estranha mas o que sentes é visto como um tumulto de novas voltas e palavras que dizes, na hora com sentido, mas rapidamente se tornam memórias gastas pelo vento, porque desapareces...
Hoje apercebi-me que tenho saudades; tenho saudades tuas e tuas... e tuas!
Tu que me dás o calor da amizade e foste embora, mas não fugiste. Não, tu não fugiste, continuas bem perto.
Tu que entraste na minha vida como um pressentimento tão positivo e claro como a lua em dia de Primavera. Mas com a mesma velocidade desapareceste entre palavras e confissões desiguais; porque tudo é tão verdadeiro e ao mesmo tempo inconsistente, escondendo sempre uma contradição que procuras explicar com um jeito meio desengonçado. Eu sei, não aprendeste a amar, não sabes como fazê-lo. Mas eu.. acho que eu, bem eu... deixa para lá....
E tu que ainda não apareceste.
Mas hoje ganhei a profunda sensação de que não tardas. Olho nos teus olhos e vejo a verdade azul neles. Tão próxima, tão bonita, tão real.
Hoje ganhei, ainda, o melhor que algum dia poderia imaginar. A possibilidade de Sonhar. A possibilidade de acreditar que um dia estarei assim, contigo, Juntos ao Luar!